Falar de Amor
Falar de amor não é amar, não é querer ninguém. Falar de amor não é amar alguém. Assim é o refrão de uma música do Capital Inicial. Muitas vezes, encontramos alguém pelo caminho e as palavras ditas parecem se encaixar perfeitamente com o nosso modo de pensar. Logo surge um provocativo "e se..." a fazer rodopiar a mente e a soprar uma brisa quente e gostosa pra bulir com um coração já meio combalido de tanto blablablá.
E se isso se prolongasse? E se saíssemos mais uma vez?
E se eu deixasse rolar só para descobrir aonde isso vai dar?
Asas às tentações e imaginações, o pulo às cegas sendo preparado e lá vamos nós outra vez apostar na roleta invisível da paixão. Quem pode dizer se dará certo desta vez ou não? Ninguém, mas como diz a música, falar de amor não é amar, não é querer alguém. Falar de amor não é o mesmo que amar alguém. E, como toda teoria, funciona que é uma beleza!
Faça isso, não faça aquilo e pronto - como seria bom se fosse assim. Espera aí... Será que seria realmente bom se houvesse uma fórmula exata para o Amor? Algo que a gente pudesse decorar como na Matemática para aplicar nas equações complicadas, e assim já saber o que encontrar em cada curva de esquina e poder dizer, com toda certeza, que daria certo com qualquer bípede por aí.
Sei não...
Sei não...
Amar alguém é atravessar mares de areia escaldante a braçadas, é vir e ficar, mesmo que não haja festa e as luzes estroboscópicas estejam desligadas por um longo tempo.
Já o ato de falar de amor é como teorizar sobre o universo - a gente sabe que existe, entende as camadas, mas vê apenas um milésimo de toda a beleza e, mesmo assim, já se arvora de ser o fodaraço no assunto.
Catar uns cacos aqui e ali, viver algumas histórias, felizes ou não, ensina muita coisa; a gente fica mais esperto para não cair do cavalo novamente. E SÓ. Não nos dá diploma de nada, não nos torna PhD de coisa alguma. Ficamos, sim, um pouco mais cínicos após as decepções, mas isso não quer dizer que estamos aptos a palestrar ou criar um GPS de amar.
Falo tanto de amor nas minhas crônicas e, ainda assim, me sinto patinando. Quebro a cara, ainda que tente acertar. E escrevo exatamente para poder juntar as peças desse quebra-cabeça infinito.
Mas, falar de amor não é amar alguém. O amor só funciona pele na pele, e o coração no front.
Texto de Corina Haaiga - Todos os Direitos Reservados.